UM DEDO DE PROSA
BOM DE VISTA
Hoje é domingo pé de cachimbo. Aqui estou eu mais uma vez, para contar meus causos. Confesso que já me passou pela cabeça que alguns de vocês devem estar a se perguntar, por que diante da catástrofe humana, política e social que estamos vivendo eu estou falando amenidades. É possível uma coisa dessas?
Confesso que, na busca da resposta, procurei um grande espelho que tenho no quarto e postei-me em frente a ele. O que ouvi, foi que já tem muita gente falando e comentando sobre essa realidade sofrida. Eu, talvez viva mais esta realidade do que vocês, por dever de ofício. Talvez por faltar alguém que, por alguns minutos, pudesse mudar o rumo da prosa. E assim, vou eu contando meus causos, na esperança de amenizar um pouco a nossa dor. Confesso que não estou fugindo da realidade amarga, dolorosa e sombria. Apenas deixando para depois. Sem delongas, vamos contar o que aconteceu muitos anos atrás:
Certa vez, uns meninos, dentre eles Vinicius Sodré, Júnior Barreto, Sandro e Dema, filhos de Tely Sodré, estavam jogando bola na esquina da casa do Sr.César Sampaio quando, de repente, o mesmo mandou parar o jogo e mostrou os óculos, para que os meninos procurassem um parafuso que caiu do mesmo.Então começou a busca e, para espanto de todos, Sandro de Tely achou aquele minúsculo parafuso perdido no meio dos paralelepípedos que cobriam a rua. Sandro saiu correndo, apertando o minúsculo parafuso na sua mão fechada e foi entregar para o Sr. César, que, de bruços na janela, aguardava ansioso. Após receber da mão do menino o minúsculo objeto, agradeceu carinhosamente.
Pensando em ganhar alguma recompensa, a correria foi geral. Todo mundo querendo ser o autor da proeza.
Sr. César pediu que falassem a verdade. Então todos revelaram que foi Sandro de Tely o autor da proeza. Prontamente, o dono dos óculos chamou Sandro e disse:
- Menino, coloque esse parafuso nos óculos, pois você tem uma vista muito boa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário